Verdes. Seus belos e grandes olhos eram verdes. A cor, na verdade, não faz a mínima diferença, mas sim a profundidade do seu olhar. A forma como ele observava aquela moça era diferente... Não sei explicar, mas eram olhos atenciosos, olhos de quem realmente deseja algo. Ela reparou nele, percebendo suas intenções. Os olhos da moça também eram profundos, e assim, eles começaram a se comunicar. Ele a olhava com provocação. Ela sorria. Ele a olhava de forma meiga, dizendo que a desejava. Ela se encabulava. Por alguns instantes permaneceram assim, trocando olhares e sorrisos. Ele, porém, queria senti-la, queria tê-la em seus grandes braços. O moço se aproximou e o olhar que ele lançou bastou para ela sentir o desejo dentro de si. Os olhos dele diziam que ela estava segura com ele, que nada havia a temer, nada. Então, a ligação deles começou a ser corporal. O corpo frio dele encostava no corpo quente dela. Suas mãos se entrelaçavam. Suas respirações estavam ofegantes. Podiam sentir os batimentos cardíacos, agora acelerados, um do outro. Seus lábios se encostaram. Era como se o mundo parasse para que aquele jovem casal pudesse desfrutar de um instante de paixão e paz. Palavras foram ditas ao pé do ouvido, carícias foram oferecidas. Ela era um anjo que via a bondade nos olhos daquele ser humano que estava à sua frente. Ele, entretanto, era o diabo disfarçado. Ele deu àquela linda moça momentos de puro prazer. Mas ele não queria satisfazer o desejo dela, e sim o seu. Assim ele a feriu, ele cortou as asas daquele inocente anjo, pisoteou sua áureola, sujou suas roupas brancas e deixou um olhar de profunda tristeza em seu rosto. Aqueles belos olhos verdes, que um dia foram os olhos da esperança para ela, se transformaram nos olhos da dor e da extrema decepção com o ser humano.
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